Japão XVIII – Miyajima

18º dia – Miyajima: santuários, natureza e silêncio entre as marés

Hoje, em nosso último dia de visitas no Japão, fomos a Miyajima, a ilha sagrada famosa pelo seu torii flutuante e paisagens deslumbrantes. Logo pela manhã, saímos do hotel Sotetsu Fresa Inn Hiroshima e nos dirigimos até a Hiroshima Station, onde embarcamos em um trem rumo à Miyajimaguchi Station. Depois de aproximadamente 25 minutos de trajeto, chegamos à estação e seguimos a pé até o Miyajimaguchi Ferry Port, que fica bem próximo dali.

Ao chegarmos ao terminal, nos dirigimos diretamente à área de embarque da JR Miyajima Seaway, o ferry operado pela JR, que também está incluído no JR Pass. O trajeto até a ilha foi rápido e tranquilo, com duração de apenas 10 minutos. Desembarcávamos no Miyajima Ferry Port, prontos para explorar a ilha. Apesar de o ferry fazer parte da rede JR, pagamos uma pequena taxa adicional de 100 ienes, cobrada pela operadora do serviço. Fora isso, o nosso JR Pass cobria todo o trajeto, tanto o trem quanto o ferry.

Assim que desembarcamos em Miyajima, iniciamos nosso percurso pela ilha com uma visita ao Senjokaku, um pavilhão impressionante com belas vistas. Em seguida, seguimos até o Templo Daishoin, um dos mais importantes da região, repleto de símbolos budistas. Depois disso, aproveitamos para explorar uma parte da trilha que leva ao Monte Misen, atravessando áreas de mata e pontos panorâmicos. Na parte final do passeio, visitamos o icônico Santuário de Itsukushima, onde tivemos a sorte de ver o torii flutuante com a maré ainda alta, criando aquela imagem clássica da ilha.

Miyajima

Miyajima é uma pequena ilha situada a menos de uma hora de Hiroshima. Sem dúvida, Miyajima é mais famosa por seu gigantesco portão torii, que, durante a maré alta, parece flutuar sobre as águas calmas do mar. Não por acaso, essa vista está classificada como uma das três mais belas do Japão, ao lado de Amanohashidate e Matsushima.

Embora o nome oficial da ilha seja Itsukushima, a maioria das pessoas a conhece como Miyajima, que significa literalmente “Ilha Santuário”. Esse apelido faz todo sentido, já que a ilha tem uma ligação profunda com o seu principal templo: o Santuário de Itsukushima. Assim como o torii, os edifícios principais do santuário foram construídos sobre estacas, de modo que, durante a maré cheia, parecem flutuar na água.

Além da beleza arquitetônica, Miyajima também surpreende com a presença dos seus cervos selvagens, que vivem livremente na ilha. Durante o dia, eles circulam pacificamente entre os turistas, especialmente nas áreas próximas às trilhas. É importante lembrar, no entanto, que diferentemente de Nara, aqui não é permitido alimentar os cervos, uma medida que ajuda a preservar tanto o comportamento dos animais quanto o equilíbrio ecológico local.

Mikasa Beach: um começo sereno em Miyajima

Logo após desembarcarmos na ilha de Miyajima, começamos o dia com uma breve parada em Mikasa Beach, uma pequena praia tranquila localizada a poucos minutos do terminal do ferry. Mesmo sendo simples, o local oferece uma atmosfera serena e uma vista privilegiada do famoso torii flutuante, que se destaca nas águas da baía, especialmente com a maré alta.

Mikasa Beach com vista privilegiada do famoso torii flutuante, em Miyajima, Japão.
Senjokaku: espiritualidade e imponência inacabada em Miyajima

Horário: 08:30 – 16:30 horas.

Durante nosso percurso por Miyajima, uma das paradas mais impressionantes foi no Senjokaku, nome popular do Santuário Hokoku. Logo ao chegarmos, nos surpreendemos com a grandiosidade do salão, que fica localizado em uma pequena colina. O nome Senjokaku, que significa “pavilhão de mil tatames”, faz jus às dimensões do edifício, o que transmite uma sensação de amplitude e imponência.

Construído em 1587 por ordem de Toyotomi Hideyoshi, um dos três grandes unificadores do Japão, o salão tinha como propósito ser um local para recitação de sutras budistas em homenagem aos soldados mortos em batalha. No entanto, Hideyoshi faleceu em 1598 antes da conclusão da obra, e, como o poder foi assumido por Tokugawa Ieyasu — e não pelos herdeiros de Hideyoshi — o edifício nunca foi finalizado. Até hoje, Senjokaku permanece incompleto, com espaços abertos, ausência de tetos e sem uma entrada frontal definida, o que, paradoxalmente, lhe confere um charme austero e singular. Em 1872, o espaço foi oficialmente dedicado à alma de Toyotomi Hideyoshi, mantendo desde então sua função religiosa. Bem ao lado, também admiramos a colorida pagoda de cinco andares, construída em 1407, ou seja, ainda mais antiga que o próprio Senjokaku.

Colorida pagoda de cinco andares em Senjokaku, Miyajima, Japão.
Daisho-in: espiritualidade viva aos pés do Monte Misen

Horário: 08:00 – 17:00 horas.

Depois de visitarmos o Senjokaku, seguimos direto para o Templo Daisho-in, um dos locais mais sagrados de Miyajima. Localizado na base do Monte Misen, o templo marca o ponto onde Kobo Daishi, fundador do Budismo Shingon, iniciou sua prática espiritual na ilha.

Além disso, o complexo abriga uma impressionante variedade de salões, estátuas e objetos religiosos. Entre os principais espaços, encontramos o Salão Kannon-do, o Salão Maniden, uma mandala de areia criada por monges tibetanos, um salão de chá tradicional e uma caverna com 88 ícones, que representam os templos da famosa Peregrinação de Shikoku.

Enquanto subíamos as escadas, giramos uma série de roldanas metálicas com inscrições de sutras budistas. Segundo a tradição, girar essas inscrições equivale a lê-las em voz alta.

Subida ao Monte Misen: natureza e espiritualidade

Depois de visitarmos o Daisho-in, começamos a subir uma parte da Mount Misen Trail, uma das trilhas que levam ao ponto mais alto de Miyajima. O Monte Misen, com 535 metros de altitude, oferece vistas panorâmicas espetaculares da ilha e do Mar Interior de Seto. Além disso, ele é considerado um lugar sagrado, associado ao monge Kobo Daishi, que meditou ali no século IX.

Mount Misen Trail em Miyajima, Japão.

Durante o percurso, passamos pelo pequeno, mas importante, Santuário Takinomiya, escondido entre árvores e pedras. Ao chegar em um dos mirantes, fizemos uma pausa e, para nossa surpresa, encontramos alguns cervos descansando à sombra.

Almoço em Miyajima

Depois da descida da trilha no Monte Misen, decidimos que era hora de uma pausa. Com fome, procuramos um restaurante ali perto. Logo encontramos um local agradável, com mesas ao ar livre e cardápio típico da região. Sem hesitar, pedimos uma especialidade local: ostras fritas crocantes, servidas com molho tártaro.

Além disso, o prato veio acompanhado de arroz japonês, salada fresca com molho de gergelim, conservas variadas, algas cozidas e uma tigela de sopa de missô quente. Ademais, o chá verde completava a refeição. Tudo estava saboroso e bem servido, com aquele cuidado típico da culinária japonesa.

Almoço de ostras fritas crocantes em Miyajima, Japão.
Itsukushima Shrine: espiritualidade flutuante entre marés e montanhas

Horário: 06:30 – 17:30 horas.

Continuamos nosso percurso por Miyajima com uma visita ao lugar mais icônico da ilha: o Santuário de Itsukushima, famoso no mundo todo por seu torii “flutuante”. Durante a maré alta, tanto o portão quanto os edifícios do santuário parecem emergir das águas, criando, dessa forma, uma cena de rara beleza e tranquilidade.

Além disso, o Santuário se destaca por sua arquitetura única. Assim, ele inclui uma sala de orações, um salão principal e um palco de teatro noh. Todos esses espaços estão conectados por passarelas de madeira, sustentadas por pilares sobre o mar.

Historicamente, a Ilha de Miyajima possui uma forte ligação com o xintoísmo. Já no século VI, os moradores locais veneravam o Monte Misen, o ponto mais alto da ilha. Mais tarde, em 1168, o influente Taira no Kiyomori escolheu Miyajima para construir o santuário da sua família. Desde então, o local se tornou um importante centro religioso.

O Santuário está localizado em uma pequena enseada protegida, enquanto o torii foi erguido no Mar Interior de Seto. Assim, ao redor da enseada, caminhos permitem que os visitantes caminhem tranquilamente, admirando o mar e a vista única do torii em diferentes ângulos.

Encerrando o dia entre lojas e despedidas

Antes de embarcarmos no ferry de volta ao continente, aproveitamos para dar uma última volta por Miyajima Omotesando Shopping Street, a principal rua comercial da ilha. Ao longo do caminho, exploramos várias lojinhas com souvenirs, doces típicos, artesanato local e lembranças temáticas do torii flutuante.

Miyajima Omotesando Shopping Street, em Miyajima, Japão.

Logo depois, seguimos para o terminal do ferry, atravessamos de volta até Miyajimaguchi e, de lá, pegamos o trem rumo a Hiroshima. Pouco tempo depois, chegamos ao nosso hotel, o Sotetsu Fresa Inn Hiroshima, onde encerramos o dia.

19º dia – De volta para o Brasil

Finalmente, chegamos ao nosso último dia no Japão, que foi completamente dedicado ao deslocamento. Logo cedo, deixamos o Sotetsu Fresa Inn Hiroshima e seguimos diretamente para a Hiroshima Station. Então, de lá, embarcamos no shinkansen com destino à Shin-Osaka Station, onde fizemos uma rápida conexão para outro trem-bala até a Tokyo Station.

Ao chegarmos em Tóquio, trocamos de linha e seguimos no Narita Express, que nos levou até o Aeroporto Internacional de Narita. Todo esse trajeto dentro do Japão foi possível graças ao nosso JR Pass, que seguimos utilizando até o último momento.

Aeroporto Internacional de Narita, Japão.

Do aeroporto de Narita, embarcamos em nosso primeiro voo do dia, operado pela Qatar Airways, com destino a Doha. Depois de algumas horas de conexão, seguimos com a mesma companhia para Guarulhos, em São Paulo. Entretanto, na chegada ao Brasil, ainda tivemos que fazer uma última troca de aeroporto até Congonhas, de onde partimos no nosso último voo com a Latam até Brasília.

Após tantas horas de viagem, conexões e deslocamentos, finalmente chegamos em casa — exaustos, mas com o coração cheio de memórias inesquecíveis dessa aventura pelo Japão.

Nosso roteiro no Japão

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