No terceiro dia, deixamos Auckland e voamos para Christchurch, onde alugamos o carro e iniciamos nosso roteiro. Apesar da chuva, exploramos o centro histórico, jardins, praças, mercados e catedrais, mergulhando na história e na reconstrução dessa charmosa cidade da Ilha Sul.
3º dia – Christchurch: história, resiliência e charme inglês no sul
Nosso terceiro dia na Nova Zelândia começou bem cedo. Assim, após o café da manhã, deixamos o Ibis Budget Auckland Airport e seguimos caminhando, ainda sob uma leve garoa, até o Terminal Doméstico do Aeroporto de Auckland. Apesar do chuvisco, o trajeto a pé foi tranquilo, já que a distância não era grande.

Embarcamos em nosso voo da Air New Zealand, que nos levou diretamente à cidade de Christchurch, já localizada na Ilha Sul. Ao aterrissarmos, o clima permanecia chuvoso, o que exigiu alguns cuidados extras ao pegar o carro.
Como havíamos planejado previamente, o aluguel do veículo foi feito com a Sixt, através da plataforma Rentalcars. Mesmo não sendo a primeira vez dirigindo na mão inglesa, mantenho sempre máxima concentração nos primeiros quilômetros, especialmente em dias chuvosos, como foi o caso.
Do Aeroporto, seguimos diretamente ao Tuscana Motor Lodge, nosso hotel em Christchurch. Logo que chegamos, fizemos o check-in, deixamos as malas no quarto e, apesar do tempo ainda chuvoso, iniciamos nosso roteiro pela cidade.
Christchurch
Christchurch, localizada na costa leste da Ilha Sul, é a segunda cidade mais populosa da Nova Zelândia, com cerca de 400 mil habitantes. A cidade foi planejada como uma colônia britânica anglicana já no século XIX e carrega até hoje fortes influências do urbanismo e da arquitetura inglesa, o que lhe rendeu o apelido de “The Garden City” (A Cidade Jardim).
A história de Christchurch começa com a chegada dos colonizadores britânicos na década de 1850, organizados pela Canterbury Association, liderada por Edward Gibbon Wakefield e o bispo George Selwyn. O nome da cidade foi escolhido em homenagem ao Christ Church College, da Universidade de Oxford, refletindo a origem acadêmica e religiosa de muitos de seus fundadores. Christchurch tornou-se oficialmente a primeira cidade incorporada da Nova Zelândia em 1856.
Situada sobre uma ampla planície costeira, chamada Canterbury Plains, a cidade cresceu em torno do Avon River, cujas margens cortam o centro de Christchurch. O planejamento urbano com largos bulevares, praças centrais e generosas áreas verdes foi inspirado nos modelos vitorianos de urbanismo do século XIX.
No entanto, a história recente de Christchurch foi marcada por dois grandes terremotos. Em setembro de 2010, um tremor de 7,1 graus causou danos significativos. Poucos meses depois, em fevereiro de 2011, um novo terremoto de 6,3 graus, com epicentro próximo ao centro da cidade e a apenas 5 km de profundidade, causou enorme destruição, resultando em 185 mortes e milhares de edifícios danificados ou demolidos.
Hoje, Christchurch mistura com elegância suas raízes inglesas com o espírito jovem de uma cidade em constante renovação, representando um dos destinos mais interessantes para quem visita a Nova Zelândia.
Victoria Clock Tower: um símbolo sobrevivente
Nossa primeira parada foi na Victoria Clock Tower, também chamada de Jubilee Clock Tower. Esta bela torre de relógio em estilo neogótico foi construída originalmente em 1859 para o Provincial Council Buildings. Em 1897, por ocasião do Jubileu de Diamante da Rainha Vitória, a estrutura foi reposicionada e passou a homenagear a monarca britânica.

Apesar dos fortes abalos sísmicos que atingiram Christchurch, a Victoria Clock Tower resistiu ao tempo e simboliza, hoje, a resiliência da cidade.
Riverside Market: gastronomia e refúgio da chuva
Com a chuva apertando novamente, seguimos para o animado Riverside Market, no coração da cidade. Este mercado moderno e coberto reúne barracas de produtos frescos, artesanato e diversos restaurantes. Assim, aproveitamos a estrutura protegida para almoçar tranquilamente e nos abrigar um pouco do mau tempo.

Bridge of Remembrance: memória e homenagem aos caídos
Prosseguindo o passeio, cruzamos a Bridge of Remembrance, uma imponente estrutura em estilo memorial que homenageia os soldados da Nova Zelândia mortos nas grandes guerras. Inaugurada em 1924, a ponte atravessa o Avon River, outro cartão-postal da cidade. Também, destacar que foi reparada e reforçada após o terremoto de 2011 e foi reaberta com uma cerimônia realizada no Dia de Anzac em 2016.

The Arts Centre: herança acadêmica vitoriana
Logo adiante, chegamos ao belíssimo The Arts Centre, um conjunto arquitetônico que originalmente abrigava o Canterbury College, fundado em 1873. Construído em estilo gótico vitoriano, o complexo mantém o charme de suas fachadas de pedra esculpida, torres e vitrais coloridos.

Hoje, o Arts Centre é um espaço multifuncional, reunindo galerias, lojas de arte, oficinas criativas e pequenos cafés. Além disso, no College estudou Earnest Rutherford, a primeira pessoa a dividir o átomo, existindo um museu dedicado a ele neste Centro.
Botanical Gardens: um clássico jardim inglês
Apesar da chuva, seguimos para o famoso Christchurch Botanic Gardens, um verdadeiro oásis verde criado em 1863, com a chegada do primeiro carvalho plantado pelos colonizadores europeus. Os jardins se estendem por 21 hectares ao longo do Avon River, abrigando uma impressionante variedade de plantas nativas e exóticas.
Mesmo sob o tempo fechado, foi possível apreciar os caminhos arborizados, estufas vitorianas e os extensos gramados, características que justificam o título de “cidade jardim” dado a Christchurch.
Além disso, aqui também se encontra o Canterbury Museum, dentro de um lindo prédio em estilo neogótico escocês, que possui uma coleção sobre a história da Nova Zelândia, desde o povo maori até os dias atuais. Entretanto, o Museu estava fechado, pois parecia que estava sendo reformado.



Worcester Street Bridge e o tradicional tram
Continuando a caminhada, cruzamos a charmosa Worcester Street Bridge, sobre o Avon River. Neste ponto, vimos passar o clássico Christchurch Tram, um bonde histórico restaurado que percorre o centro da cidade, oferecendo um passeio turístico.


Cathedral Square: reconstrução em andamento
Chegamos então à famosa Cathedral Square, o verdadeiro coração simbólico e espiritual de Christchurch desde sua fundação. No centro da praça, ergue-se a ChristChurch Cathedral, originalmente construída entre 1864 e 1904, em um marcante estilo neogótico inglês. Sua torre de 63 metros e as intricadas janelas de vitrais coloridos eram, por décadas, o cartão-postal da cidade. Contudo, o terremoto de 2011 causou o colapso parcial da torre e severos danos à estrutura, deixando a catedral fechada e coberta por andaimes.
Ao redor da praça, além da catedral, encontramos importantes estátuas e memoriais que enriquecem o valor histórico do local. Assim, dentre eles destaca-se a estátua de John Robert Godley, o chamado “pai de Canterbury”. Godley foi o líder visionário da Canterbury Association, responsável pelo planejamento e pela colonização britânica da região de Christchurch em meados do século XIX. Sua estátua em bronze, erguida em 1867, foi a primeira estátua pública da Nova Zelândia.
Outro monumento de destaque na praça é o Citizens’ War Memorial, inaugurado em 1937. De fato, este memorial homenageia os soldados neozelandeses que perderam suas vidas durante a Primeira Guerra Mundial. Tem colunas de pedra calcária e esculturas alegóricas em bronze representando valores como justiça, paz e coragem.


Victoria Square e o passado da cidade
Poucos metros adiante, visitamos a Victoria Square, um dos espaços públicos mais emblemáticos de Christchurch. A praça ocupa uma posição histórica central, pois antigamente funcionava como o Market Place, o primeiro mercado e centro comercial da cidade na época da colonização europeia, no século XIX. De fato, era aqui onde se realizavam as feiras agrícolas, o comércio de gado e as principais transações de mercadorias da colônia.
A partir de 1896, o local se transformou gradualmente em uma praça pública ajardinada, ganhando o nome atual em homenagem à Rainha Vitória, monarca britânica durante o auge da colonização neozelandesa. No centro da praça, ergue-se a estátua da Rainha Vitória, inaugurada em 1903, esculpida em mármore branco de Carrara pelo artista Francis John Williamson, escultor oficial da rainha. Ao seu redor, a praça se adornou com gramados, jardins floridos e árvores nativas e exóticas.


Outro destaque de Victoria Square é a estátua do Capitão James Cook, instalada em 1932, homenageando o explorador britânico que navegou e mapeou a costa neozelandesa no século XVIII. De fato, a presença de Cook simboliza o início da presença europeia na Nova Zelândia. Atravessando a praça, o Avon River completa o charme do local, com pontes e calçadões arborizados.

Além disso, durante a recente restauração de Victoria Square após os terremotos, se incorporou o Pou Pou Monument, um entalhe maori tradicional, símbolo da ligação espiritual do povo Ngāi Tahu com a terra de Canterbury.

New Regent Street: charme art déco
Nossa caminhada nos levou finalmente à encantadora New Regent Street, um dos cantos mais fotogênicos de Christchurch. Inaugurada em 1932, essa rua de pedestres preserva impecavelmente seu conjunto arquitetônico em estilo art déco, com fachadas simétricas, cores pastel e pequenas varandas. Assim, cafés, sorveterias, lojinhas de lembranças e boutiques criam um ambiente acolhedor.

Transitional Cathedral: a catedral provisória
Finalmente, chegamos à Transitional Cathedral, conhecida como Cardboard Cathedral. Projetada em 2013 pelo arquiteto japonês Shigeru Ban, a construção utiliza tubos de papelão e estruturas modulares como solução temporária para substituir a catedral original. Infelizmente, ao chegarmos, a igreja já estava fechada para visitação.

Encerrando o dia em Christchurch
Com a chuva persistente, voltamos ao Tuscana Motor Lodge para descansar após um dia intenso. Após a intensa jornada, meu guarda-chuva não resistiu e terminou o passeio completamente destruído, mas o esforço valeu a pena.
Nosso roteiro na Nova Zelândia
Descubra mais sobre nossa viagem pela Nova Zelândia clicando nos links abaixo:
- Nova Zelândia I – Auckland: CBD, Viaduct Harbour e Wynyard Quarter
- Nova Zelândia II – Auckland: Auckland Domain, Mount Eden, Parnell e Bastion Point
- Nova Zelândia IV – Franz Josef Glacier
- Nova Zelândia V – Fox Glacier
- Nova Zelândia VI – Wanaka
- Nova Zelândia VII – Queenstown
- Nova Zelândia VIII – Arrowtown e Te Anau
- Nova Zelândia IX – Te Anau Milford Highway
- Nova Zelândia X – Milford Sound
- Nova Zelândia XI – Cromwell e Mount Cook Village
- Nova Zelândia XII – Mount Cook
- Nova Zelândia XIII – Lake Tekapo
- Nova Zelândia XIV – Hobbiton Movie Set
- Nova Zelândia XV – Rotorua