Chegamos a Campo Grande no dia anterior e nos hospedamos no Brumado Hotel. Mesmo com o tempo corrido, ainda conseguimos desfrutar de um jantar maravilhoso na famosa Casa do Peixe, um restaurante tradicional da região que nos brindou com um delicioso peixe preparado à moda sul-mato-grossense.
1º dia – Explorando as cidades históricas de Aquidauana e Miranda
No dia seguinte, começamos nossa jornada em direção ao Pantanal. Nossa primeira parada foi em Aquidauana, onde aproveitamos para visitar os principais pontos turísticos da cidade. De lá, seguimos para Miranda, outra cidade pantaneira, onde também exploramos seus principais atrativos.
Aquidauana
Distância (de Campo Grande): 138 km. Duração: 1 hora e 54 minutos.
Aquidauana, conhecida como Cidade Natureza, se localiza entre as Serras de Piraputanga e Maracaju. Embora não esteja entre os destinos mais visitados de Mato Grosso do Sul, a cidade oferece opções de lazer ligadas à natureza e à pesca, o que atrai visitantes ao longo do ano. Além disso, o Rio Aquidauana, que atravessa o município e dá nome à cidade, exerce papel central na identidade local e na economia regional. O termo “Aquidauana”, em Guaicuru, significa “Rio Estreito”.
Com o passar do tempo, Aquidauana cresceu de um pequeno povoado com cerca de quarenta moradores para um centro urbano com quase 50 mil habitantes, ocupando o 7º lugar no estado em população. Além disso, a Ponte da Amizade, que atravessa o rio e conecta Aquidauana à vizinha Anastácio, facilitou o deslocamento entre os municípios.
Historicamente, Aquidauana se estabeleceu a apenas 12 quilômetros das ruínas de Santiago de Xerez, antigo povoado espanhol destruído no século XVI. Após o fim da Guerra do Paraguai, soldados do Exército Imperial fixaram-se na região, iniciando um novo ciclo de ocupação. Em 1892, um grupo de líderes locais fundou oficialmente o município e a chegada dos trilhos da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB), com o famoso Trem do Pantanal, impulsionou o crescimento econômico e consolidou a cidade como um polo urbano do interior.
À medida que o município se desenvolvia, inovações chegaram. Em 1928, Aquidauana se tornou a primeira cidade do antigo Mato Grosso a contar com energia elétrica. Além disso, inaugurou o primeiro cinema com tela panorâmica do estado.
Ponte Roldão Carlos de Oliveira: um marco histórico na cidade
A Ponte Roldão Carlos de Oliveira é um dos marcos históricos mais interessantes de Aquidauana, com uma arquitetura que chama a atenção por sua imponência. Sua construção teve início em 1918, utilizando pilares de pedras e lastros de madeira, e foi inaugurada em 19 de dezembro de 1921. Essa ponte foi a primeira ligação não fluvial entre as duas partes da cidade: a margem esquerda, hoje Anastácio, e a região central de Aquidauana.
O design da ponte foi uma adaptação de uma ponte ferroviária com tecnologia inglesa, e por várias décadas, serviu como a única ligação entre Aquidauana e Anastácio. Com 23 metros de altura e 63 metros de comprimento, ela cruza o importante Rio Aquidauana, que dá nome ao município. Em 13 de outubro de 1950, a ponte teve seu trânsito interrompido para veículos pesados, mas continua sendo uma via essencial para o trânsito nas regiões vizinhas.

Praça Imaculada Conceição: o berço histórico de Aquidauana
A Praça Imaculada Conceição é um dos lugares mais emblemáticos de Aquidauana, onde os fundadores da cidade se reuniram para lavrar a ata de fundação. Assim, este foi o marco inicial das primeiras construções da cidade, sendo algumas delas as mais antigas da região.
Na praça, destaca-se a Câmara Municipal de Aquidauana, uma construção da década de 1920 que, desde a década de 1980, funciona como o Órgão Legislativo Municipal. Antes disso, o prédio abrigava a Prefeitura Municipal. Com seu estilo arquitetônico neocolonial, a Câmara harmoniza perfeitamente com as demais construções históricas ao redor, conferindo à praça um ar de tradição e importância histórica.


Igreja Nossa Senhora Imaculada Conceição: arquitetura gótica em Aquidauana
Inaugurada em 4 de abril de 1912, a Igreja Imaculada Conceição, também conhecida como a Matriz de Aquidauana, é um verdadeiro cartão-postal. Localizada na Praça Imaculada Conceição, com sua imponente arquitetura gótica e importância religiosa, a igreja é um dos principais marcos históricos da cidade.
Além disso, um dos fatos marcantes é que a igreja foi a primeira no Brasil a ser comandada por padres redentoristas americanos na década de 1930. Os padres Francis Mohr e Alphonse Hild, da Congregação do Santíssimo Redentor — uma irmandade católica fundada em 1732 em Scala, na Itália — também foram responsáveis pelas paróquias de Miranda e Bela Vista.


Praça Afonso Pena: um espaço de lazer e cultura
Popularmente conhecida como Praça dos Estudantes, é um dos principais pontos de lazer da cidade, oferecendo uma ampla área para relaxar e se divertir. De fato, o local conta com um parque infantil, espaços para jogos de mesa e uma concha acústica onde acontecem diversos eventos culturais.
Além disso, um dos destaques da praça é a Biblioteca Municipal, em formato de livro aberto, inaugurada em 8 de fevereiro de 1999. O acervo da biblioteca vai desde obras raras até exemplares antigos, sendo um espaço importante para a preservação da cultura local.

Outro detalhe curioso da praça são os “olherões” telefônicos em formato de onça, que chamam a atenção e adicionam um toque especial à área. Também é destaque a estátua de uma índia, representação simbólica dos povos indígenas que habitavam e ainda habitam a região, homenageando a cultura indígena local, especialmente aa etnia terena.


Miranda
Distância (de Aquidauana): 73 km. Duração: 1 hora.
Assim que concluímos nossa visita a Aquidauana, seguimos viagem rumo a Miranda, conhecida como o Portal do Pantanal. Com aproximadamente 26 mil habitantes, essa cidade ocupa a 16ª posição entre as mais populosas de Mato Grosso do Sul. Além disso, destaca-se como uma das mais antigas do estado, ao lado de Corumbá e Ladário.
Sua história começou a se desenhar com a exploração dos rios Miranda e Aquidauana, feita por João Leme do Prado. Pouco tempo depois, ao encontrar as ruínas da antiga cidade de Xeres, destruída pelos Guaicurus, João Leme decidiu iniciar ali a formação de um novo povoado. Nesse sentido, em 1778, o capitão lançou os alicerces do Presídio de Nossa Senhora do Carmo do Rio Mondego, cumprindo ordens diretas do Capitão-General Caetano Pinto de Miranda Montenegro — que, por fim, deu nome à cidade.
Aos poucos, apesar das dificuldades iniciais, Miranda começou a crescer. Em 1797, o povoado já contava com cerca de 40 casas e 500 habitantes, incluindo indígenas pacificados. Com o passar dos anos, a chegada das tropas militares trouxe mais segurança e, consequentemente, incentivou o progresso da região. Além disso, a localização estratégica da cidade favoreceu sua importância política e econômica.
Posteriormente, em 1885, o Clube Emancipador de Miranda, junto com a Câmara Municipal, libertou os escravizados da cidade, três anos antes da Lei Áurea. Mais adiante, em 1912, chegaram o telégrafo e a estrada de ferro Noroeste do Brasil, marcos que aceleraram o desenvolvimento da região.
Igreja Matriz Nossa Senhora do Carmo, referência no centro de Miranda
Na Praça Agenor Carrilho encontra-se a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo, um marco importante na história da cidade. Erigida em 1931 sob a orientação dos missionários redentoristas Alphonse Hild e Henrique Pflug, a construção foi realizada por Pedro Macellaro e o engenheiro Arilindo de Sampaio Jorge.

A icônica rua do Carmo
A Rua do Carmo é uma histórica via da cidade. Seu traçado extenso vai até as margens do Rio Miranda, e ela é repleta de casarões coloniais que datam do final do século XVIII. Dessa forma, esses prédios antigos são testemunhas do crescimento do município e da sua importância estratégica na época do presídio fundado em 1778 e da criação da Colônia Militar de Miranda.
Os casarões históricos mantêm traços da arquitetura colonial brasileira, com estruturas de pau a pique, telhados tradicionais e fachadas simples. No entanto, apesar de seu charme inegável, encontramos a rua um pouco abandonada, com vários casarões precisando de restauração.

A histórica Estação Ferroviária de Miranda
A Estação Ferroviária de Miranda foi inaugurada em 31 de dezembro de 1912, e fazia parte da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Esta ferrovia ligava regiões estratégicas, contribuindo significativamente para o crescimento da cidade e do Pantanal Sul-Mato-Grossense. Durante os anos, a ferrovia foi essencial para o transporte de mercadorias e pessoas, consolidando Miranda como um ponto vital para a economia local.
A Avenida Afonso Pena, por onde os trilhos da ferrovia passam, também é uma das avenidas mais importantes da cidade. Com seus casarões históricos, ela é uma janela para o passado da cidade, refletindo o auge da era ferroviária. Porém, em partes, a avenida, assim como outras áreas históricas, carece de mais preservação e restauração.


As ruínas da Usina Açucareira Santo Antônio
A Usina Açucareira Santo Antônio, fundada em 1929, já foi um dos principais centros de produção de açúcar da região pantaneira. Hoje oferece aos visitantes um mergulho no passado industrial da cidade. De fato, é possível sentir a grandeza de um período em que a indústria açucareira movimentava a economia local.

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