Gâmbia III: Banjul, Bakau, Bijilo e Tanji

4º dia – Visitando Banjul, Kachikally Crocodile Pool, o Parque Florestal de Bijilo e o mercado de peixe de Tanji

Iniciamos o dia desbravando Banjul, a capital da Gâmbia, uma cidade pequena, mas rica em história e cultura. Após explorar os principais pontos da cidade, seguimos para o famoso Kachikally Crocodile Pool, um local sagrado para os gambianos, onde pudemos observar de perto os crocodilos, conhecidos por sua aparente docilidade. Antes do almoço visitamos o Parque Florestal de Bijilo, uma reserva natural onde tivemos a oportunidade de interagir com macacos em seu habitat natural.

Encerramos o dia com uma visita inesquecível à praia de Tanji, um dos pontos mais emblemáticos do país. Lá, fomos imersos na vibrante atmosfera do comércio de peixe, com cenas espetaculares de pescadores, barcos coloridos e o movimento intenso de pessoas negociando o pescado do dia.

Banjul

Distância: 16 km. Duração: 25 minutos.

Banjul é a capital e a quarta maior cidade da Gâmbia. Situada na Ilha de Santa Maria (ou Ilha de Banjul), onde o rio Gâmbia deságua no Oceano Atlântico, a cidade é o coração administrativo do país. Sua população urbana é de aproximadamente 32 mil habitantes. A ilha conecta-se ao continente por pontes a oeste e também por ferries que cruzam o rio Gâmbia.

Do século XIX até 24 de abril de 1973, a cidade era conhecida como Bathurst, renomeada em homenagem ao 3º Conde Bathurst, Secretário de Estado da Guerra e das Colônias do Reino Unido. A mudança para o nome Banjul reflete a identidade nacional pós-independência. Sua economia gira em torno do processamento de amendoim, além da exportação de cera de abelha, madeira de palma e óleo de palma pelo movimentado porto da cidade.

Em 1816, Alexander Grant, comandante britânico, fundou a cidade como um entreposto comercial e base militar, com o objetivo de controlar o estuário do rio Gâmbia e suprimir o comércio de escravos. Durante o século XIX, Bathurst tornou-se um ponto de encontro para migrantes de diversas origens. A população era composta por africanos, europeus e levantinos, incluindo sírios e libaneses.

Em 1889, Bathurst foi oficialmente declarada a capital do Protetorado da Gâmbia, atraindo mais gambianos em busca de oportunidades de trabalho e vida urbana. Durante a Segunda Guerra Mundial, a cidade desempenhou um papel estratégico como centro naval e aéreo aliado, o que levou a um crescimento populacional significativo.

Após a independência da Gâmbia em 1965, Bathurst foi renomeada como Banjul em 1973. A cidade também foi palco de eventos importantes, como o golpe militar de 22 de julho de 1994, quando o então presidente Sir Dawda Jawara foi deposto por Yahya Jammeh, marcando o início de uma nova era na história do país.

Chegamos a Banjul e fizemos um passeio de carro pela pequena capital da Gâmbia. Embora não tenhamos descido para explorar os monumentos de perto, conseguimos ter uma boa noção da cidade e passamos por locais emblemáticos, como a Praça 22 de Julho (antiga Praça McCarthy), a Cidade Antiga, o Mercado Albert e outros pontos importantes. No entanto, decidimos fazer uma parada para conhecer de perto o Arco 22 e seu museu, que oferece uma visão fascinante sobre a história do país.

Arch 22: um marco histórico em Banjul

O Arch 22, um imponente portal com 36 metros de altura, foi construído para celebrar o golpe militar de 22 de julho de 1994. Este monumento não apenas se destaca como um marco arquitetônico em Banjul, mas também oferece uma vista espetacular da cidade e do rio Gâmbia a partir do topo.

Dentro do Arco, há um museu que proporciona uma visão aprofundada sobre o golpe de Estado, além de abrigar exposições etnográficas que destacam a cultura local. Durante nossa visita, o guia foi extremamente simpático, nos envolvendo de forma interativa com os diferentes objetos em exposição.

Do lado de fora do museu, há um mural dedicado ao famoso personagem de “Roots”, Kunta Kinte, que remete à conexão histórica da Gâmbia com o comércio transatlântico de escravos.

Mural de Kunta Kinte

Kachikally Crocodile Pool (Bakau): um local natural e espiritual na Gâmbia

Distância: 12 km. Duração: 18 minutos.

Uma das atrações turísticas mais populares da Gâmbia, o Kachikally Crocodile Pool é também um local sagrado para os habitantes locais. Na cultura gambiana, os crocodilos simbolizam o poder da fertilidade, e muitas mulheres que enfrentam dificuldades para engravidar visitam o local para rezar e se lavar nas águas do tanque sagrado.

O tanque e a trilha natural ao seu redor abrigam dezenas de crocodilos, que podem ser observados descansando nas margens. Para os mais ousados, alguns desses crocodilos são considerados dóceis o suficiente para serem tocados (sempre com orientação do guia, que indicará quais crocodilos estão em um estado mais tranquilo). Eu preferi não tocá-los por respeito aos animais.

Além do tanque, há um pequeno museu cultural, que é bastante interessante. Ele exibe trajes tradicionais, jujus (amuletos mágicos usados para proteção), tambores e outros artefatos culturais. Também há fotografias e informações que refletem as tradições e costumes da Gâmbia, tornando a visita ainda mais enriquecedora.

Parque Florestal de Bijilo (Serekunda): um refúgio natural na Gâmbia

Distância: 11 km. Duração: 20 minutos.

O Parque Florestal de Bijilo, situada em Serekunda, uma pequena reserva de 51 hectares, foi aberto ao público em 1991 e hoje atrai mais de 23.000 visitantes por ano. Com uma rede de trilhas bem cuidadas, que variam de 900 a 1.400 metros, o parque leva você por diferentes tipos de vegetação, como mata de galeria, floresta baixa e áreas de grama.

Durante o passeio, é provável encontrar macacos-vervet, macacos-patas e os charmosos colobus vermelhos. Uma prática comum (mas muitas vezes questionada) é alimentar os macacos. O próprio pessoal do parque fornece amendoins e bananas para isso, e, como percebemos, os macacos claramente preferem as bananas! Também é habitual interagir com os macacos e eles subirem nos ombros!

Mercado de peixe de Tanji: uma explosão de cores e cultura

Distância: 20 km (de Kotu – Serekunda). Duração: 30 minutos.

Tanji é uma cidade pesqueira com aproximadamente 20 mil habitantes. O crescimento populacional tem sido significativo nos últimos anos, impulsionado pela indústria pesqueira e pela localização estratégica da cidade.

Mercado de peixes de Tanji

No mercado de peixes de Tanji, canoas coloridas enfrentam as ondas, enquanto mulheres carregam com elegância peixes equilibrados em suas cabeças. Multidões lotam a beira-mar, criando uma atmosfera vibrante e cheia de vida. O mercado é mais agitado pela manhã, mas o final da tarde oferece uma experiência visual única, com a luz do entardecer pintando o cenário de tons dourados.

Nossa visita aconteceu no final da tarde e foi o encerramento perfeito de um dia repleto de descobertas. As imagens das canoas trazendo os peixes, as mulheres aguardando na areia e o burburinho do comércio compuseram um espetáculo inesquecível.

Mercado de peixes de Tanji

5º dia – Despedida da Gâmbia

No nosso último dia em Gâmbia, o dia começou cedo e com uma logística diferente. Por volta das 6 da manhã, um motorista parceiro do nosso guia Mika nos aguardava para nos levar até o porto de Banjul. Mika e Samba já estavam lá desde a madrugada, na fila, tentando garantir a entrada do carro no ferry o mais rápido possível. No entanto, a realidade da travessia mostrou-se desafiadora: a fila parecia interminável.

Após cerca de duas horas de espera, conseguimos embarcar no ferry, mas apenas nós e Mika. Infelizmente, Samba e o carro tiveram que esperar ainda mais, mesmo com a chegada ao porto por volta das 3 da manhã. Durante a travessia do Rio Gâmbia, um dos motores do ferry quebrou, tornando o percurso ainda mais demorado e reforçando o tom único dessa experiência.

Ao chegarmos em Barra, do outro lado do rio, seguimos viagem com outro transporte que nos levaria ao próximo destino no Senegal: a Reserva Fathala. Antes, foi necessário passar pela fronteira, e dessa vez o processo foi tranquilo, com a única exigência sendo a apresentação do Certificado Internacional de Vacinação contra Febre Amarela.

Assim, nos despedimos da nossa jornada na Gâmbia, um país que nos proporcionou experiências marcantes, repletas de desafios, belezas naturais e muita hospitalidade. Atravessar o Rio Gâmbia foi uma verdadeira aventura que encerrou com chave de ouro nossa passagem por esse destino fascinante.

Acompanhe o restante de nossa aventura na Gâmbia nos links abaixo!

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