11º dia – Explorando o Santuário Fushimi Inari, os encantos de Higashiyama e a tradição de Gion
Após um delicioso café da manhã, começamos nosso dia de visitas em Kyoto cheios de entusiasmo. Primeiramente, seguimos ao famoso Santuário Fushimi Inari, um dos pontos turísticos mais impressionantes do Japão. Logo ao chegar, já ficamos maravilhados com os milhares de torii vermelhos alinhados pelas trilhas do santuário.
Em seguida, após explorar o santuário, seguimos para Higashiyama, um dos distritos históricos mais charmosos de Kyoto. Este bairro, com suas ruas estreitas e casas tradicionais bem preservadas, nos transportou imediatamente para o passado. Em Higashiyama, também tivemos a oportunidade de visitar o famoso Templo Kiyomizudera, reconhecido pela sua espetacular varanda de madeira e suas vistas panorâmicas sobre a cidade.
Por fim, já ao anoitecer, nos dirigimos ao tradicional bairro de Gion, famoso por suas gueixas e sua atmosfera refinada. Nossa programação incluía assistir a um espetáculo no Gion Corner, conhecido por suas apresentações culturais típicas japonesas. Lá, pudemos vivenciar de perto várias tradições japonesas, como danças de maiko ou a cerimônia do chá.
Manhã entre milhares de torii vermelhos no Santuário Fushimi Inari em Kyoto
Sempre aberto.
Iniciamos este dia após um completo café da manhã no hotel Chisun Premium Kyoto Kujo, repleto de opções deliciosas e variadas. Em seguida, cheios de disposição, nos dirigimos até a estação de trem para pegar o transporte rumo ao famoso Santuário Fushimi Inari. Com nosso prático JR Pass em mãos, descemos tranquilamente na Estação JR Inari, situada bem próxima ao santuário. Só cuidado para não pegar o trem com muitas paradas, como aconteceu com a gente, que acabou chegando mais tarde do que outro trem que saiu depois, mas tinha menos paradas.
Logo ao chegarmos, ficamos encantados com a imponência do Santuário Fushimi Inari, um dos mais importantes templos xintoístas do Japão. Este santuário é mundialmente conhecido pelos seus milhares de portões torii vermelhos, que formam uma extensa rede de trilhas subindo o sagrado Monte Inari, com seus 233 metros de altura e vegetação exuberante.
O Fushimi Inari, principal dentre milhares de outros dedicados a Inari, o deus xintoísta do arroz, impressiona pela atmosfera espiritual e histórica. Ao longo do caminho, diversas estátuas de raposas simbolizam as mensageiras dessa divindade. A origem do santuário é bastante antiga, anterior inclusive à transferência da capital para Kyoto em 794.
Caminhando pela trilha Senbon Torii
Embora grande parte dos turistas visite o local especialmente pelas trilhas, os edifícios principais também merecem atenção. Logo na entrada, passamos pelo impressionante Portão Romon, doado em 1589 pelo renomado líder Toyotomi Hideyoshi. Logo atrás dele, encontramos o honden, o salão principal, onde muitos visitantes fazem suas oferendas em respeito à divindade.

Após explorar esses edifícios iniciais, iniciamos a caminhada pelas trilhas cobertas pelos impressionantes torii. Essa caminhada começa pela célebre área chamada Senbon Torii, que significa literalmente “milhares de torii”, onde duas densas fileiras de portões vermelhos criam um cenário mágico. De fato, cada torii possui uma inscrição com o nome e a data da doação feita por indivíduos ou empresas.

Percorrer todo o trajeto até o cume da montanha exige cerca de 2 a 3 horas de caminhada, mas é possível fazer uma parte menor e retornar, como fizemos em nosso caso. Pelo caminho, pequenos santuários e torii em miniatura surgem constantemente, doados por visitantes com orçamentos mais modestos.

Vistas panorâmicas no Yotsutsuji
Após uma caminhada agradável de aproximadamente 30 a 45 minutos, chegamos ao ponto conhecido como Yotsutsuji, praticamente na metade da subida. Aqui, desfrutamos de vistas deslumbrantes de Kyoto. A gente decidiu retornar deste ponto, já que as trilhas seguintes não oferecem muitas novidades e a densidade dos torii vai diminuindo aos poucos. Esta experiência foi, sem dúvidas, uma das mais memoráveis de nossa viagem, repleta de história, cultura e espiritualidade.
Higashiyama: um mergulho na antiga Kyoto
Após pegar o trem de volta, logo embarcamos no metrô e descemos na estação Higashiyama. Em seguida, começamos a explorar esse distrito fascinante, situado ao longo das encostas mais baixas das montanhas orientais de Kyoto.
Higashiyama é, sem dúvida, um dos distritos históricos mais bem preservados de Kyoto. Aqui é possível experimentar de maneira autêntica a tradicional e antiga Kyoto, especialmente no trecho entre Kiyomizudera e o Santuário Yasaka. Caminhando por essas ruas estreitas, somos rapidamente transportados para tempos passados, graças aos belos edifícios de madeira e às encantadoras lojas tradicionais que evocam a atmosfera da antiga capital japonesa.
Recentemente, as autoridades locais fizeram grandes esforços para remover postes telefônicos e repavimentar as ruas. Como resultado, a sensação tradicional do bairro melhorou significativamente, criando uma atmosfera ainda mais envolvente e acolhedora.
Embora a caminhada pelo distrito de Higashiyama, entre Kiyomizudera e o Santuário Yasaka, seja curta—cerca de dois quilômetros—e possível de ser concluída em aproximadamente meia hora, recomendamos dedicar ao menos metade de um dia para realmente aproveitar a área. Afinal, ao longo do trajeto, templos impressionantes, belíssimos santuários, lojas charmosas e cafés aconchegantes convidam a visitas sem pressa.
Shorenin: o templo imperial aos pés das montanhas Higashiyama
Horário: 09:00 – 16:30 horas. Aberto todos os dias.
Localizado tranquilamente aos pés das montanhas de Higashiyama, em Kyoto, Shorenin é um belíssimo templo pertencente à seita Tendai do budismo japonês. Este templo é particularmente especial por ser um dos templos monzeki de Kyoto, cujos sacerdotes principais eram tradicionalmente membros da família imperial japonesa.
Desde sua fundação no século XII, Shorenin mantém uma estreita ligação com a família imperial japonesa. Originalmente, o imperador Toba, seguidor da seita Tendai, ordenou que seu filho estudasse com o sacerdote-chefe do famoso templo Enryakuji, localizado nas montanhas do nordeste de Kyoto. Para facilitar esses estudos, o imperador construiu Shorenin como residência na cidade para os dois. Com o passar do tempo, essa residência evoluiu gradualmente até se tornar um verdadeiro templo.
Curiosamente, o destino fez com que Shorenin novamente servisse como residência no século XVIII, quando um incêndio obrigou uma imperatriz a se abrigar temporariamente no templo.
Uma caminhada pelo Templo Shorenin
Ao entrar no templo, logo somos conduzidos por uma rota sinuosa que passa por vários edifícios e jardins encantadores. Inicialmente, atravessamos o salão de estar Kachoden, admirando os retratos nas paredes e as belas pinturas nas portas de correr (fusuma). Dali é possível contemplar um belo jardim com lago, enquanto descansamos sentados nos tatames do edifício.


Passarelas de madeira conectam o Kachoden aos outros prédios importantes do templo, incluindo o edifício mais amplo, chamado Shinden, e o salão principal, conhecido como Shijokodo Hall. O Shijokodo Hall guarda os principais objetos de adoração do templo, como duas pinturas raramente exibidas ao público: uma mandala e uma representação da divindade Fudo Myoo.
Explorando os jardins de Shorenin
Além de admirar os jardins diretamente dos edifícios, podemos passear pelos caminhos que cortam o local, oferecendo perspectivas ainda mais encantadoras. Do Kachoden, uma trilha nos conduziu através do jardim até uma pequena colina, passando por uma charmosa casa de chá, um pequeno santuário e um gracioso bosque de bambu. Em frente ao Shinden, destaca-se um jardim coberto por musgo, protegido por imponentes árvores de cânfora.

Chionin: o grandioso templo da seita Jodo em Kyoto
Horário: 09:00 – 15:50 horas. Aberto todos os dias.
Ao chegarmos ao templo Chionin, principal templo da seita Jodo do budismo japonês, imediatamente ficamos impressionados com seus terrenos espaçosos e edifícios imponentes. De fato, essa seita conta com milhões de seguidores, sendo uma das mais populares do Japão.
Nossa atenção foi imediatamente capturada pelo gigantesco Portão Sanmon, principal acesso ao templo, situado entre o Parque Maruyama e o Templo Shorenin. Com 24 metros de altura e 50 metros de largura, este é simplesmente o maior portão de templo feito em madeira de todo o Japão, construído no início do século XVII. Embora a sacada do portão não seja aberta ao público, é impossível não admirar sua grandiosidade.

Após atravessar o portão, seguimos por uma ampla escadaria que nos conduziu diretamente ao terreno principal do templo, revelando uma bela área aberta, interligada por caminhos de pedra.
Edifícios e jardins do Templo Chionin
No coração de Chionin fica o enorme Miedo Hall, edifício principal que abriga o objeto central de adoração: uma estátua de Honen, o sacerdote que fundou a seita Jodo. Próximo ao Miedo, se encontra o Amidado Hall, onde está exposta uma estátua do Buda Amida, o Buda mais importante da seita.

Vale destacar que o sacerdote Honen originalmente seguia a seita Tendai, praticada no templo Enryakuji. Durante sua época, o budismo estava restrito a monges e aristocratas, dificultando o acesso das pessoas comuns às práticas religiosas. Contudo, após conhecer textos chineses que prometiam salvação simplesmente proclamando fé em Amida, Honen fundou, em 1175, a seita Jodo. Essa nova seita pregava que o Buda Amida havia criado um paraíso acessível a todos, bastando apenas recitar seu nome com fé sincera. Assim, Jodo, que literalmente significa “terra pura“, revolucionou o acesso à salvação, popularizando-se rapidamente entre as massas, apesar da oposição inicial das seitas estabelecidas.
Além do Miedo, seguindo um caminho, se sobe a encosta até diversos pequenos edifícios. Entre eles, está o histórico Seishido Hall, o edifício mais antigo de Chionin, datado de 1530, e também um mausoléu que abriga as cinzas de Honen. Mais adiante, encontramos um enorme sino, considerado o maior do mundo entre os séculos XVII e XIX, além de outros pequenos prédios.
Chionin também oferece dois jardins encantadores para explorar. Assim, o Jardim Hojo, construído ao lado dos aposentos do sacerdote, atrás do Miedo Hall, é um tradicional jardim japonês criado por um monge no século XVII. Já o moderno Jardim Yuzen, localizado ao lado do Portão Sanmon, é caracterizado por jardins de pedra e uma lagoa construída em suave inclinação, proporcionando momentos de contemplação e tranquilidade.
Parque Maruyama: um refúgio no coração de Kyoto
Após explorarmos os incríveis templos ao redor, decidimos visitar o famoso Parque Maruyama, localizado no coração de Kyoto. Este belo parque público é conhecido especialmente por suas cerejeiras, que atraem milhares de visitantes todos os anos. A peça principal do parque, sem dúvida, é uma impressionante e alta shidarezakura (cerejeira-chorona), que se destaca ainda mais durante a noite devido a uma iluminação especial que encanta a todos que passam por ali.
Embora não tenhamos visitado o parque durante a famosa floração das cerejeiras, nossa visita ocorreu no outono, outra estação maravilhosa para apreciar a beleza natural deste local.

Kodaiji Temple: um templo de história e elegância em Kyoto
Horário: 09:00 – 17:00 horas. Aberto todos os dias.
Outro templo que visitamos foi o impressionante Kodaiji, fundado em 1606 pela esposa de Toyotomi Hideyoshi, Nene, em memória desse grande líder histórico japonês. Além disso, Nene também está consagrada neste templo especial, que pertence à seita Rinzai do Budismo Zen.
Ao entrar no templo, ficamos fascinados pelos edifícios principais, originalmente construídos no estilo extravagante da era da unificação do Japão. Isso foi possível graças ao generoso apoio financeiro do sucessor de Hideyoshi, Tokugawa Ieyasu. De fato, os interiores são ricamente decorados, refletindo a grandiosidade daquela época, cercados por maravilhosos jardins zen que proporcionam um ambiente de tranquilidade e beleza.
O salão principal (Hojo) originalmente era revestido de laca e ouro. Porém, após um incêndio em 1912, foi reconstruído em um estilo mais modesto, embora ainda impressionante. Ao redor do edifício, há dois jardins magníficos. Um dos jardins, composto por pedras sobre cascalho, simboliza o vasto oceano. O outro, no estilo tsukiyama, possui um belo lago cercado por colinas artificiais, rochas decorativas e árvores, cujas folhas ganham cores vibrantes de vermelho e laranja durante o outono. No coração desse jardim fica o Kaizando, um salão memorial onde Nene rezava por Hideyoshi, que agora abriga imagens de madeira do casal.


Mausoléu, casas de chá históricas e Caminho de Nene
Subindo a encosta atrás do templo, encontramos o mausoléu de Hideyoshi e Nene. Seu interior exibe uma belíssima decoração feita com uma laca especial chamada Kodaiji Makie, famosa por seus desenhos feitos com pó de ouro e prata. Mais acima, encontramos duas casas de chá, sendo uma delas projetada pelo renomado mestre do chá Sen no Rikyu, pois Hideyoshi era um fervoroso admirador da cerimônia do chá. Para retornar aos prédios principais, seguimos por um tranquilo e refrescante bosque de bambu.

Após explorarmos o templo, seguimos por uma charmosa escadaria conhecida como Nene’s Path, que nos levou diretamente de volta às ruas do distrito de Higashiyama. Do outro lado da rua, encontramos uma área recém-restaurada, repleta de pequenas lojas e cafés acolhedores. Nessa área também está localizado o pequeno museu Kodaiji Sho, que exibe diversos tesouros do templo, incluindo arte em laca e peças relacionadas a Nene. Além disso, o complexo é rodeado pelos edifícios do Templo Entokuin, um subtemplo de Kodaiji que apresenta mais dois lindos jardins zen.
Encanto e aventura nas históricas ruas de Ninenzaka e Sannenzaka
Explorar Kyoto é mergulhar em um cenário onde passado e presente se encontram harmoniosamente. Desta vez, decidimos caminhar pelas famosas ruas de Ninenzaka e Sannenzaka, duas das ruas mais encantadoras da antiga capital do Japão. Primeiramente, é importante destacar que Ninenzaka e Sannenzaka são ruas históricas que conectam o templo Kiyomizudera a outras áreas de Kyoto. Suas ladeiras suaves, lojas tradicionais e construções preservadas criam um ambiente acolhedor e nostálgico.
Começamos nossa caminhada pela charmosa Ninenzaka, onde cada passo nos levava a pequenas lojas repletas de doces tradicionais, artesanato e lembrancinhas típicas japonesas. Além disso, casas de chá e cafés discretos tornam essa rua perfeita para um passeio tranquilo e prazeroso.


Logo após, chegamos à famosa Sannenzaka, uma das ruas mais fotografadas de Kyoto. Sem dúvida, sua fama não é à toa. O local encanta com suas construções antigas e bem preservadas, flores cuidadosamente dispostas, e um clima único que nos transporta diretamente ao Japão antigo. Ali em Sannenzaka, optamos por almoçar num restaurante acolhedor e tradicional. Meu prato, especificamente, foi um delicioso tempurá servido dentro de um caldo leve e muito saboroso.

Contudo, ao sairmos do restaurante, fomos surpreendidos por uma mudança repentina no tempo. De repente, nos deparamos com uma forte chuva acompanhada de granizo.
Mesmo esperando por alguns minutos, percebemos que a chuva não cessaria tão cedo. Portanto, não tivemos escolha a não ser comprar rapidamente alguns guarda-chuvas nas lojas próximas.
Assim protegidos, decidimos seguir em frente, nos dirigindo diretamente ao magnífico Kiyomizudera Temple, que já estava em nosso roteiro.
Explorando a magia do Templo Kiyomizudera em Kyoto
Horário: 06:00 – 18:00 horas.
Primeiramente, nossa chegada ao famoso Kiyomizudera, em Kyoto, aconteceu sob uma insistente chuva, mas, felizmente, nosso entusiasmo permaneceu intacto. Aliás, essa visita estava entre os momentos mais aguardados da viagem!
Antes de tudo, vale lembrar que Kiyomizudera, cujo nome significa literalmente “Templo da Água Pura”, é um dos templos mais renomados e importantes do Japão. Fundado no ano 780, ele fica localizado exatamente no local da Cachoeira Otowa, nas colinas verdes a leste de Kyoto. Além disso, seu nome vem diretamente das águas cristalinas dessa cachoeira. Originalmente, o templo pertenceu à seita Hosso, uma das mais antigas do budismo japonês, mas em 1965 criou sua própria seita, a Kita Hosso. Posteriormente, em 1994, a UNESCO reconheceu sua relevância histórica e cultural, adicionando-o à lista dos patrimônios mundiais.

Sem dúvida, o destaque do Kiyomizudera é seu palco de madeira que se projeta do salão principal. A 13 metros de altura sobre a encosta, ele oferece vistas impressionantes. Surpreendentemente, toda a estrutura foi construída sem utilizar pregos! Dentro do salão principal, podemos admirar o objeto central de adoração: uma pequena estátua de Kannon, com onze faces e mil braços.

Em seguida, logo atrás do salão principal, visitamos o Santuário de Jishu, dedicado à divindade do amor e do casamento. Ali, duas pedras separadas por 18 metros atraem a atenção. Segundo a tradição, atravessar essa distância com os olhos fechados garante sorte no amor. Entretanto, pedir ajuda durante o trajeto significa precisar de um intermediário em questões amorosas.
Logo após, descemos até a famosa Cachoeira Otowa, cujas águas dividem-se em três riachos. Pudemos beber essa água que, supostamente, oferece benefícios como longevidade, sucesso acadêmico e felicidade amorosa. No entanto, beber dos três riachos é considerado um sinal de ganância.
Outras atrações imperdíveis no templo
Além disso, o Kiyomizudera oferece ainda mais atrações imperdíveis:
- Okunoin Hall: semelhante ao salão principal, porém menor e também com um palco.
- Salões dedicados a Shaka e Amida Buddha: espaços ideais para reflexão espiritual.
- Cerca de 200 estátuas de Jizo: o protetor das crianças e viajantes.
- Pagode Koyasu: dizem que garante um parto fácil e seguro às futuras mães.

Por fim, próximo à entrada, fora da área paga, ainda encontramos outras construções interessantes, como um pagode vermelho de três andares, um repositório de sutras e o intrigante Zuigudo Hall, dedicado à mãe de Buda, onde os visitantes caminham por um corredor escuro que simboliza o ventre materno.
Pagode Yasaka: um ícone no coração de Higashiyama
Ao explorar o charmoso distrito de Higashiyama, em Kyoto, é praticamente impossível não notar o majestoso Pagode Yasaka, que é o último remanescente do antigo Templo Hokanji. Certamente, esse pagode é um dos símbolos mais visíveis e reconhecíveis da região, destacando-se na paisagem histórica e encantadora das ruas de Kyoto.

O interior do Pagode Yasaka abre suas portas aos visitantes somente em ocasiões especiais, oferecendo uma rara oportunidade de ver por dentro uma estrutura que, normalmente, é acessível apenas externamente. Infelizmente, não tivemos a sorte de visitá-lo por dentro durante nossa passagem pela cidade.
Kenninji: encontro com o templo Zen mais antigo de Kyoto
Horário: 10:00 – 16:30 horas. Aberto todos os dias.
Ainda no caminho rumo a Gion, fomos surpreendidos pela visão imponente do Templo Kenninji, um templo zen situado ao sul desse famoso distrito de Kyoto. Embora não tenhamos entrado nos edifícios principais, a experiência de contemplar seu exterior já foi bastante enriquecedora.

Fundado em 1202 pelo monge budista Eisai (também conhecido como Yosai), Kenninji pertence à seita Rinzai do budismo japonês e ocupa um prestigioso terceiro lugar entre os cinco grandes templos zen de Kyoto. Eisai é conhecido por introduzir no Japão não apenas o Budismo Zen, mas também a prática do cultivo e do consumo de chá, após suas viagens de estudo pela China.
O complexo de Kenninji é composto por diversos grandes salões e portões impressionantes, além de cerca de duas dúzias de edifícios menores distribuídos harmoniosamente ao seu redor. Grande parte do terreno do templo está aberta ao público gratuitamente; contudo, é necessário pagar uma taxa de entrada para visitar os edifícios principais localizados no centro do complexo.
Gion: o charme do Distrito das Gueixas em Kyoto
Finalmente, chegamos ao distrito de Gion, o bairro das gueixas mais famoso de Kyoto, localizado entre o Santuário Yasaka a leste e o Rio Kamo a oeste, ao redor da movimentada Avenida Shijo. Antes de assistir ao espetáculo no Gion Corner, aproveitamos para explorar e admirar esse bairro fascinante. Originalmente, devido ao IPTU baseado na largura da fachada, as casas têm frentes estreitas de cinco a seis metros, mas surpreendentemente, estendem-se até vinte metros no interior.
A principal rua turística, Hanami-koji, que vai da Avenida Shijo até o Templo Kenninji, é especialmente famosa. Ali encontramos casas machiya preservadas que, atualmente, funcionam como restaurantes elegantes e caros. Muitos desses restaurantes oferecem kaiseki ryori, a refinada alta gastronomia japonesa ao estilo Kyoto. Intercaladas entre os restaurantes, existem várias ochaya (casas de chá) exclusivas, onde as geiko (gueixas de Kyoto) e as maiko (aprendizes de geiko) entretêm os convidados.

Outra área destacada em Gion é o pitoresco bairro de Shirakawa, situado ao longo do Canal Shirakawa, paralelo à Avenida Shijo. Menos lotado do que Hanami-koji, Shirakawa apresenta um cenário mais tranquilo, adornado com salgueiros, restaurantes sofisticados e ochaya com vistas para o canal. Finalmente, a Avenida Shijo, que atravessa Gion, também oferece lojas populares vendendo produtos típicos como doces japoneses, picles e artesanato local.

Apesar da grande expectativa de turistas por encontrar uma geiko ou maiko pelas ruas, é importante lembrar de agir com respeito, pois a região já registrou muitas reclamações devido ao comportamento inadequado dos visitantes. Unicamente pode-se interagir com uma geiko ou maiko em uma ochaya. Tradicionalmente, esses encontros exclusivos exigem introdução por clientes regulares, mas recentemente, agências e hotéis começaram a oferecer pacotes mais acessíveis para interessados.
Gion Corner: uma noite imersa na cultura japonesa
Durante nossa passagem por Kyoto, decidimos assistir ao espetáculo no famoso Gion Corner, e foi, sem dúvida, uma experiência muito enriquecedora. Compramos previamente nossos ingressos online, garantindo uma noite inesquecível.
O espetáculo do Gion Corner oferece uma oportunidade única para vivenciar sete artes cênicas tradicionais japonesas no mesmo palco, em aproximadamente uma hora. O programa inclui:
- Chanoyu (Cerimônia do Chá): Uma demonstração elegante da tradicional arte japonesa de preparar matcha, o chá verde em pó, com gestos que refletem harmonia, respeito, pureza e tranquilidade.
- Música Koto: Apresentação do koto, instrumento nacional do Japão, uma cítara com 13 cordas que produz melodias refinadas e expressivas.
- Ikebana: Arte japonesa de arranjos florais, com ênfase na sazonalidade, assimetria e espaço negativo. Durante o show, artistas criam composições florais ao vivo.
- Bugaku: Dança cerimonial da corte imperial, com mais de 1.200 anos de história, caracterizada por movimentos estilizados, trajes ornamentados e música especial.
- Kyogen: Peça curta de comédia tradicional, conhecida por seu humor físico, jogos de palavras e personagens cotidianos em situações absurdas. O show inclui a famosa peça “Bo shibari” (Amarrado a um Cajado).
- Kyomai (Dança): Uma elegante dança de Kyoto executada por maiko (aprendizes de gueixa). Inspirada nas tradições da corte e do teatro Noh, as danças são delicadas e altamente simbólicas.
- Bunraku ou Noh: Dependendo da temporada, o espetáculo apresenta uma cena do teatro de marionetes Bunraku, com manipulação detalhada e expressões realistas, ou uma peça do teatro Noh, famosa por suas máscaras expressivas e figurinos elaborados.
Assistir ao espetáculo no Gion Corner foi uma decisão que superou nossas expectativas, pois entendemos mais profundamente a riqueza das artes tradicionais japonesas. Após o espetáculo, nos dirigimos ao nosso hotel para descansar e nos preparar para as aventuras do dia seguinte.
Nosso roteiro no Japão
Descubra mais sobre nossa viagem pelo Japão clicando nos links abaixo:
- Japão I – Tóquio: Shinjuku e Shibuya
- Japão II – Tóquio: Chiyoda, Ueno, Akihabara e Roppongi
- Japão III – Tóquio: Sumida, Asakusa e Odaiba
- Japão IV – Tóquio: Shiba, Chuo e Ginza
- Japão V – Monte Fuji
- Japão VI – Takayama: Old Town
- Japão VII – Takayama: Higashiyama Walking Course e Hida Folk Village
- Japão VIII – Kanazawa: Kenrokuen Garden e Kanazawa Castle
- Japão IX – Kanazawa: Nagamachi Samurai District, Nishi Chaya District e Higashi Chaya District
- Japão X – Kyoto: Palácios Imperiais, Castelo Nijo, Pavilhão Dourado, Templo Toji e Torre de Kyoto
- Japão XII – Kyoto: Arashiyama e Estação de Kyoto
- Japão XIII – Nara